Os radicais livres podem danificar as paredes externas das nossas células, e quando o dano acumula é suficiente, ele afeta a função dos tecidos e órgãos, o que leva ao início do surgimento de sintomas. Os radicais livres são neutralizados pelas vitaminas antioxidantes e pelos polifenóis que funcionam como esponjas, absorvendo-os.
Entretanto, os radicais livres podem se sobrepor e criar uma tensão oxidativa que danifica qualquer célula em nosso corpo. A tensão oxidativa é um mecanismo básico na produção de inflamação e seu consequente dano celular, que evolui para dano tecidual. Quando o dano tecidual é considerável, tem início a disfunção do órgão, progredindo, enfim, para a sua doença. É a esta altura que você obtém um diagnóstico.
Todas as vezes em que está em um voo, está exposto à radiação excessiva por explosão solar, o que aumenta a sua carga de tensão oxidativa. Os pilotos e comissários de bordo, e as pessoas sentadas dentro de uma caixa de alumínio expostas à radiação, devem multiplicar por cinco a ingestão de vitaminas antioxidantes necessárias a todas as outras pessoas.
Depois que o primeiro fator irritante provoca a inflamação, a tensão oxidativa aumenta exponencialmente. Se continuar alimentando o fogo com gasolina, criando mais inflamação (comendo alimentos aos quais é sensível, por exemplo), a tensão oxidativa continuará abastecer ainda mais a inflamação, o que, então, provocará mais prejuízos aos tecidos, disfunções, culminando com a doença.
De acordo com uma meta-análise de 2004 relatada no British Medical Journal, é possível reduzir o risco de doença cardiovascular em 75%, aumentar a expectativa total de vida em 6.6 anos e aumentar a expectativa de vida livre de doença cardiovascular em nove anos, quando se monta um plano de alimentação saudável, rico em antioxidantes (de maneira a ter mais esponjas para absorver os radicais livres e reduzir a tensão antioxidante).
Os alimentos benéficos a serem ingeridos diariamente incluem peixes de água fria, chocolate amargo, alho, amêndoas, vinho tinto, e pouco menos de meio quilo de frutas e vegetais. Lembre-se, isso é diariamente.
Existem mais de 80 doenças autoimunes, que ocorrem quando uma disfunção evolui para uma lesão no órgão. As pessoas que estão no espectro autoimune normalmente têm mais do que uma condição. Por exemplo, mais de 20% das crianças com doença celíaca já apresentam uma leve disfunção cardíaca.
Cada um dos microvilos do interior dos intestinos absorve diferentes nutrientes. A doença celíaca ocorre, quando esses microvilos desgastam-se devido a sua exposição ao glúten, e você fica com uma superfície lisa, muito parecida com um tapete bérbere. Sendo assim, seu intestino já não consegue absorver os nutrientes da forma adequada. Você acaba mal nutrido, não importa quantos nutrientes esteja de fato consumindo. Essa doença nos ensina que, se você conseguir identificar e eliminar o gatilho ambiente (ex: o glúten), poderá acabar interrompendo o processo do ataque autoimune. No entanto, se reintroduzir o gatilho (ex: o glúten), o “desgaste” acelerado voltará. A diferença entre a sensibilidade ao glúten e a doença celíaca é que a sensibilidade ao glúten não desgasta os microvilos. Contudo, a inflamação será a mesma. As pessoas desenvolvem os mesmos tipos de sintomas quando expostas ao glúten, incluindo ansiedade, dores de cabeça, nevoeiro cerebral, fadiga crônica, aumento de peso, depressão e perda de bem-estar. Se não forem tratados, progredirão para as mesmas doenças prejudiciais a que temos nos referido: obesidade, demência, diabetes, doença cardíaca, e por aí vai.
Pessoas celíacas tem um risco 39% maior de morte prematura. As pessoas com inflamação por causa de uma sensibilidade ao glúten tinham um aumento de 72% no risco de mortalidade prematura. A sensibilidade não celíaca pode ser uma reação a qualquer um dos muitos componentes do trigo, não apenas as proteínas do glúten, como as lectinas do trigo (chamadas de aglutininas do germe de trigo, que disparam a formação de coágulos sanguíneos), os FODMAPs (família de carboidrato no trigo, responsabilizado por gases, distensão abdominal, prisão de ventre e diarreia) ou aos benzodiazepínicos (família de elementos químicos presentes no trigo, que são encontradas em medicamentos para ansiedade).
A sensibilidade não celíaca ao trigo foi identificado como causadora de doenças autoimunes. A doença identificada com mais frequência foi a tireoidite de Hashimoto. Além disso, os anticorpos elevados para um gatilho comum para o corpo todo apareciam em dobro nos pacientes com sensibilidade não celíaca ao trigo, em comparação com os celíacos. As sensibilidades do glúten podem se manifestar de inúmeras maneiras diferentes, e podem ser tão severas quanto a doença celíaca, se não mais.